sábado, 15 de dezembro de 2012

Encontrei isto. Era o tempo a sair do álbum e a contar do meu avô que conhecia o mundo e colecionava a ilha que morava nos maços de tabaco de há muitos anos atrás. Encontrei lá dentro as memórias de um tempo que já não existe porque o tempo vai e não volta. Como a vida. Como a vida. Como as pessoas. Encontrei o mundo ilhéu dos anos 50, legendado pelo amarelo da caixa, misturado com restos do dote de uma das mulheres da casa, embrulhado em papel de seda com cheiro a naftalina. Partilho-o. O Projeto Memórias precisa da sua generosidade. A sua história será a próxima protagonista. Dentro do baú há uma caixa; dentro da caixa há o passado; dentro do passado há muita força de futuro.

sábado, 8 de dezembro de 2012


Escrevi:

 

O tempo passou. Doce. Tão doce. Uma espécie de algodão de feira, uma gargalhada clara, apagada rapidamente pelo vento que a leva para outros mares. O tempo – uma gargalhada de algodão doce. Efémero.

Ficaram recados escritos nas nuvens, pegadas deixadas em areias inventadas de praias imaginadas. Ficaram ecos de suspiros e fiapos de gargalhadas. Ficou a vida em restos de papel, dentro de um envelope amarelecido pelos anos.

Agora, sim. Vou abrir….

 

(in Na espera do teu beijo, um romance que [ainda] dorme dentro da gaveta.) 

 

Foi assim que abrimos o envelope do Manuel. Com emoção. Era a sua vida. Entre o secreto e o social: trouxe-nos a última carta da mãe, a oração que levou na algibeira para que o céu o protegesse dos desatinos do mar, o passado. 

               Foi assim que lemos as histórias da Teresa. Com o Norte nos olhos. Eram as suas memórias, o seu tempo: o tempo de casa, o tempo do trabalho, o tempo da criação.

               Quem se segue? Sabemos que há tantos tesouros escondidos dentro das casas…. Estamos aqui para os acolher.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Memórias são como cerejas



Teresa Valério partilhou connosco uma parte de si. A sua escrita. Palavras aconchegadas pelas memórias do Norte da Ilha, o seu berço. Foi lá dentro ( de si e da ilha) que foi buscar o mote para alguns dos seus contos – a vida dura do trabalho do campo, o quotidiano, as doenças, os partos, a distância da cidade, o bordado e até mesmo a construção da estrada que ligou as freguesias desta parte da ilha com o Funchal. E, apesar de contar histórias, sim, são histórias, mas são, sobretudo parte da História ( a dela e a da ilha). Bem haja pela partilha.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Num almanaque: a vida....


Estamos em 1953. Um Almanaque Popular serve de diário pessoal de uma mulher. Nele, a lápis, numa letra corrida, informações, recados, reflexões, desabafos, promessas, apontamentos avulsos que apontam quotidianos.