Memória de um dia de agosto
Há precisamente 200 anos, na manhã do dia 23 de agosto de 1815, fundeava, na baía do Funchal, uma esquadra britânica, sob o comando do contra-almirante George Cockburn: a nau almirante “Northumberland”, as fragatas “Havanna”, “Bucephalus” e “Ceylon” e ainda seis brigues de guerra.
Escreve o Major Reis Gomes que « Já na véspera, à noite, se sentia na cidade o hálito sêco e quente que, sob o nome de «léste», o Sahára frequentemente sopra sobre a Madeira. A aurora de 23 alumiara de tons rubros um mar tempestuoso, profundamente agitado pelo adusto vento do deserto» (GOMES, O Anel do Imperador, p. 30). O povo atribuía “na sua ingenuidade” toda aquela procela “que lhe secava a bôca e lhe queimava os campos” (p. 30, 31), à presença de Napoleão que vinha a bordo da nau principal, a caminho do exílio em Santa Helena.