Tinha quinze anos quando se casou. O noivo regressou para a Venezuela onde vivia desde criança, deixando-a menina casada, sob o olhar dos pais, dos sogros e das gentes da freguesia.
Havia de regressar dois anos depois, para a vir buscar...
Foram no Santa Maria. Custou-lhe a despedida da mãe e das
irmãs que ficaram na ilha, mas foi contente... Nunca tinha vista uma coisa assim. Refere-se ao barco: às
salas de baile, as piscinas. Sabiam que, nos outros andares havia festas. Eles, porém, em Terceira classe, falavam da vida, das dificuldades, da esperança.
Quando Ermelinda chegou a Caracas , ficou “chocada”. A vida era dura, as condições precárias, viviam com outras pessoas, na mesma casa. A Venezuela, afinal, não era o El-Dorado...
Naquela altura, porém, os emigrantes ajudavam-se muito uns aos
outros. Chegavam lá sem dinheiro mas havia sempre quem estivesse disposto a
ajudar, a dar sociedade num negócio para possibilitar começar a vida. E recomeçar. No duro.
Teve muitos filhos. Muita vontade de regressar. A sua casa era na ilha.
Chama-se Ermelinda. E tem ainda a força da vida. É uma das nossas colaboradoras do Projeto Memórias...
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A última viagem. A de regresso. |