Escrevi:
O tempo passou.
Doce. Tão doce. Uma espécie de algodão de feira, uma gargalhada clara, apagada
rapidamente pelo vento que a leva para outros mares. O tempo – uma gargalhada
de algodão doce. Efémero.
Ficaram recados
escritos nas nuvens, pegadas deixadas em areias inventadas de praias
imaginadas. Ficaram ecos de suspiros e fiapos de gargalhadas. Ficou a vida em
restos de papel, dentro de um envelope amarelecido pelos anos.
Agora, sim. Vou
abrir….
(in Na espera do teu beijo, um romance que [ainda] dorme dentro da
gaveta.)
Foi assim que abrimos o envelope do Manuel. Com emoção. Era a sua vida.
Entre o secreto e o social: trouxe-nos a última carta da mãe, a oração que
levou na algibeira para que o céu o protegesse dos desatinos do mar, o
passado.
Foi
assim que lemos as histórias da Teresa. Com o Norte nos olhos. Eram as suas
memórias, o seu tempo: o tempo de casa, o tempo do trabalho, o tempo da
criação.
Quem
se segue? Sabemos que há tantos tesouros escondidos dentro das casas…. Estamos
aqui para os acolher.
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