Bordadeiras
Sentam-se á porta
mal desponta o dia,
- em ao lado o cestinho de costura-
Cercadas de maciços de verdura
Aonde canta
alegre cotovia.
E n’esta doce paz, n'esta harmonia,
Beijadas pela aragem suave e pura,
N’uma cambraia da maior alvura,
-Tanta que a propria neve a invejaria ;-
Bordam um enxoval
para noivado ;
Mas que lindo que elle é! que bem bordado!
Nunca se viu uma belleza assim;
Tão fresco ! todo a flôr de laranjeira!
E suspiram uma e outra bordadeira :
-Ah! se tudo
isto fôsse para mim !
RODRIGUES, António Feliciano (Castilho), Sonetos, Lisboa , 1916, p. 51.
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