É termo bem característico madeirense - a invejidade, significando a inveja mal reprimida, encapotada, que moe e ginga, repiza e muito gira, a lançar mão de todos os meios para se alastrar, procurando anular a sombra que a escurece e molesta, umida e fria, infiltrante, deprimindo o que é alheio, a roçar-se a esquina, para realização dos seus fins. É a inveja dinâmica, sem sentido, nem direcção, impando uma coragem embexigada pela vacina do medo.
A. A. Sarmento (1944)
... uma cruzinha de alecrim...
... e uma reza:
... eu te curo de olhado mal
invejado e emprezado, em o nome que o padre te poz na pia,
com o nome de Deus e da
Virge-Maria e das tres pessoas da
Santissima Trindade. Se está mal invejada, no seu comer, ou no seu beber, no seu vestir, no seu calçar, no
seu ter, na sua
boniteza, na sua formosura (...)
.. .na sua gordura, no seu andar;
quem invejou com mau mado não torne a invejar. Arrebenta-te,
cão, vae-te p'ra o inferno. Alecrim verde,
que nasce no campo, tirae
este mal e este
quebranto. Home bom,
mulher irada, palhas aguadas, por onde este mal entrou por lá sáia. Credo, tres vezes credo, arrebenta cão nas profundas do inferno. (SARMENTO, 1912:114-115).
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