António
procurou-nos. Guardava uma história de amor dentro de duas capas de cartão.
Ele, no Ultramar, em Angola, tentava sobreviver à angústia da distância e ao medo
de morrer. Ela, na Ponta de Sol, em pleno Atlântico, assume o papel de Madrinha
de guerra, a que cuida, a que apoia, a que reza.
Aos poucos –
porque a guerra tem muitos lados - , o afilhado pede-lhe o coração. E ela, um
pouco a medo, talvez, vai lho entregando. Em palavras. Cuidadosamente
desenhadas.
Lemos esta
história que as cartas guardaram. Trabalhámo-la. Guardámo-la nas Memórias, como
os protagonistas as guardaram: com cuidado.
Ele voltou
da guerra. Ela estava à espera dele. Estão casados há muitos anos.
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