João Gomes de Sousa (1895-1974)
O Feiticeiro da CALHETA
O Feiticeiro da Calheta viveu alguns dos acontecimentos mais importantes que marcaram o século XX. Nasceu no final da centúria oitocentista (a 30 de novembro de 1895) e, ainda jovem, presenciou as mudanças políticas trazidas com a República. Já adulto, vivenciou, de forma direta, as mudanças trazidas com o governo da ditadura e o Estado Novo. Ainda esteve presente ao 25 de abril de 1974, mas a sua morte, a 8 de julho desse ano não lhe permitiu o convívio com a nova realidade política.
As suas quadras são publicadas em letra de forma entre 1946 e 1961, um período importante da afirmação do Estado Novo e, nomeadamente, do seu discurso popular. Mas sabemos que, pelo menos desde 1938, altura em que participou da Festa das Vindimas do Funchal, as suas qualidades de versejador já eram notadas publicamente, sendo apresentadas com música local.
quinta-feira, 30 de julho de 2015
terça-feira, 28 de julho de 2015
Regressos [dos que partiram]
Como se fosse a
primeira vez. Como se o tempo da lonjura fosse ainda maior do que,
efetivamente, terá sido. Como se o nunca
mais se tivesse colado à pele do coração. Como se.
Regressam nas
asas do verão, com as saudades arrumadas naquele canto do peito que não se consegue
trancar. Mesmo que vivam mil anos, não esquecem o lugar onde mora a dor do ter de ser, da partida para um qualquer
lugar longe de casa, para um qualquer lugar longe dos seus.
Trazem os olhos
rendidos à paisagem da terra e os braços prontos para abraçar quem ficou à
espera do abraço. Vêm com as conversas
prontas e uma vontade imensa de estar. Apenas isso: de estar. Sem que o resto
tenha qualquer importância. Porque o que importa é alimentar a reserva de
afetos de que a distância vai precisar, ao longo de um ano inteiro, ao longo do
tempo quase sem tempo que dura a ausência.
Regressam com
uma mala de sonhos para contar. E de esperanças. Talvez não contem a verdade da
vida - nem sempre a realidade das coisas e dos países de onde vêm merecem uma
narrativa. Talvez não valha a pena ensombrar as férias com histórias de
dificuldades e de inseguranças e. Talvez não valha a pena.
Regressam com os
olhos rasos de mar e as raízes do coração à flor da pele. Regressam porque é
preciso regressar.
Desfilam,
depois, a distância, orgulhosos da coragem de terem ido. Talvez ainda paguem
uma rodada no arraial. Talvez ainda deixem escapar uma palavra desconhecida que
comprove o seu saber feito de mundo. Talvez ainda tentem mostrar que, no longe
que fica atrás do mar, há coisas muito
outras, muito diferentes, coisas.
Regressam,
porém, pensando que vão partir outra vez. Porque o regresso do emigrante tem
sempre pendente o bilhete de ida. Mas, enquanto andam por aqui, vão emendando a
vida: basta o sorriso velho dos pais que ainda se sentam no terreiro, a ver a
noite cair; basta a carícia azul do mar que continua a lavar a alma; basta o
poema verde das serras a entrar, manso, pela janela adentro; basta o cheiro da
cidade para inebriar os sentidos.
Os emigrantes
regressam nas asas do verão. Vêm à procura do chão. Então, depois, com as
raízes mais fortes, partirão para olhar para o céu com os olhos lavados. Vêm
restaurar as asas. Então, depois, com as feridas tratadas, empreenderão voos
mais altos, no lugar para onde, certamente, terão de voltar.
De Graça Alves, in Jornal da Madeira de 28/7/2015
quarta-feira, 22 de julho de 2015
O poeta emigrante
segunda-feira, 20 de julho de 2015
De viagens
Há muitos anos, Augusto António inaugurou o hidroavião que amarava na baía... Nesse dia de urgências, não sabia ainda que havia de cruzar o mundo, que havia de construir a sua vida no lado de lá do mar, no Brasil, primeiro, na Austrália, depois...
Como Augusto, muitos partiram, alguns regressaram, outros ficaram no esquecimento da lonjura...
Procuramos as suas histórias. Queremos torná-los protagonistas da História da Madeira,
Doação de Augusto Sousa |
Como Augusto, muitos partiram, alguns regressaram, outros ficaram no esquecimento da lonjura...
Procuramos as suas histórias. Queremos torná-los protagonistas da História da Madeira,
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Férias...
Fotografia de Jorge Baptista |
Precisam do cheiro da terra, da cor da terra, da comida da terra. Precisam que o verde das serras esteja exatamente da mesma tonalidade. Precisam que o azul do mar mantenha a transparência de antes.
Querem que os velhos continuem à espera, parados na cadeira de antes. Gostavam que o tempo estivesse parado.
A Ilha recebe-os de abraços abertos. Este é o tempo de matar as saudades.
NÃO QUER VIR TER CONNOSCO?
QUEREMOS FAZER DE SI UM PROTAGONISTA DA NOSSA HISTÓRIA. ESTAMOS A RECOLHER HISTÓRIAS DE VIDA DA EMIGRAÇÃO.
terça-feira, 14 de julho de 2015
De regressos ... de verão
Regressam
nas asas do verão, com as saudades arrumadas naquele canto do peito que não
conseguem trancar. Mesmo que vivam mil anos, não conseguem trancar o lugar da
dor do ter de ser, da partida para um qualquer lugar longe de casa.
Foi assim com João. E com tantos outros que procuraram no mundo o que a ilha não lhes conseguia dar.
Foi assim com João. E com tantos outros que procuraram no mundo o que a ilha não lhes conseguia dar.
Doação de Teresa Gomes |
HOJE - TERTÚLIA SOBRE EMIGRAÇÃO E IMIGRAÇÃO, NA UNIVERSIDADE DA MADEIRA, ÀS 18.30 H.
E
SE TEM UMA HISTÓRIA DE EMIGRAÇÃO PARA CONTAR, PROCURE-NOS. QUEREMOS CONTÁ-LA.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
ADULTOS ANTES DO TEMPO
Estávamos em 1963. Manuel saiu da ilha com 12 anos, rumo à África do Sul. Fugia ao medo da guerra colonial, procurava um lugar onde os sonhos se realizassem com mas facilidade. Deixava, no cais, o pai e a professora. Partia... como tantos outros rapazes... rumo ao futuro.
Voltava dois anos depois: homem.
Guardamos a história do Manuel. Queremos preservar a sua. Se, um dia, emigrou, venha ter connosco e deixe-nos contar a sua história...
Voltava dois anos depois: homem.
Guardamos a história do Manuel. Queremos preservar a sua. Se, um dia, emigrou, venha ter connosco e deixe-nos contar a sua história...
terça-feira, 7 de julho de 2015
Tertúlia 'Emigração e Imigração - as faces da mesma moeda'
“Emigração e Imigração - as faces da mesma moeda” é o tema da próxima tertúlia do Conselho de Cultura da Universidade da Madeira, que se realiza no dia 14 de julho, pelas 18h30, no Auditório da Reitoria, ao Colégio dos Jesuítas.
Dinamizada pelo Doutor Alberto Vieira, a tertúlia pretende levar os participantes a refletir sobre as vivências complexas que dominam o movimento das migrações humanas e sobre a postura de cada um de nós, sobre os protagonistas das chegadas e das partidas.
Após a tertúlia segue-se um jantar-debate no Restaurante Café Ateneu. A participação na tertúlia é livre. O jantar-debate requer marcação, até ao dia 13 de julho, através do preenchimento do formulário disponível em http://tinyurl.com/inscricoesjantar-debate.
Dinamizada pelo Doutor Alberto Vieira, a tertúlia pretende levar os participantes a refletir sobre as vivências complexas que dominam o movimento das migrações humanas e sobre a postura de cada um de nós, sobre os protagonistas das chegadas e das partidas.
Após a tertúlia segue-se um jantar-debate no Restaurante Café Ateneu. A participação na tertúlia é livre. O jantar-debate requer marcação, até ao dia 13 de julho, através do preenchimento do formulário disponível em http://tinyurl.com/inscricoesjantar-debate.
14 julho – 18h30 – Auditório da Reitoria (Colégio dos Jesuítas)
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Ainda Cartas no Intervalo da Guerra
A EXPLICAÇÃO DA GUERRA
« em primeiro lugar, (...) vou dizer-te algumas coisas (...) cujas denominações são : "Emboscadas e patrulhas": a emboscada é quando, por exemplo, estamos no quartel e chega uma mensagem informando que o inimigo passou ou vai passar numa zona qualquer (...) Nesse caso sai um grupo ou dois, segundo o número de turras suspeitos e vamos esperar por eles num lugar onde se pensa que por lá passem e aí se passa dois, três, quatro ou mais dias, até ver se passam ou não passam. (...) Bem o exemplo mais claro da emboscada é o seguinte: fazemos de conta que eu vou para a tua casa, e, de surpresas, sou atacado pelo caminho, quando ia a passar estava um grupo por cima duma parede (...) É que quando se vai para uma emboscada, sabe-se que não é p'ra andar e vamos bem equipados. Podemos levar uma mante, um garrafão de água e, enfim, vamos preparados para passar ali 4 ou 5 dias (...)
[CEHA- Arquivo Memórias: carta de António de
10-03-1971]
in CARTAS NO INTERVALO DA GUERRA
(À venda no CEHA)
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Cartas no Intervalo da Guerra
A tarde veio com Sol ... e com gente, e abraços, e sorrisos ... e cumplicidades ... e o auditório do CEHA ficou cheio para receber António e Maria Adelaide Loreto e AS CARTAS NO INTERVALO DA GUERRA ... este é o primeiro volume da coleção Memória, um livro que conta da guerra no Ultramar, de um namoro, de um futuro a dois ... que conta da ilha e de nós - Sim, estamos todos aqui!!!! BEM HAJAM!!!!
O livro está à venda aqui no CEHA.
O livro está à venda aqui no CEHA.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
A História vista de Baixo consubstancia-se
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