sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Uma carta que a literatura guardou
Maria de Jasus:
Gracas a Deus vua indo bem na casa. Os patroes so no sabado e que vem ao escritorios pagar a feria. Eu ainda nao os intendo proque eles falo ingles e na conhecem a nossa fala. Aqui tudo e munto grande comparado com ei nossas casas e ruas. O jardim é comprido. Maria de Jasus, espero tar aqui cinco anos e ao depois vua a Madeira p’ra gente se casar. O dinheiro de quatro anos deve chegar para manda fazer ũa casa. Nao ha cuma se viver naquilo que e nosso. Nao se paga renda nem o dono aumenta renda. Ja tenho soidades de ti e alembro-me sempre do Palheiro Ferreiro onde nos conhecemos, naquele mes de Maio.
Da soidades a tua mae e arrecebe muntas soidades que so a
vista terao fim, do Manulinho.
(Gouveia,Horácio Bento, 1959, Lágrimas correndo mundo, pp. 65-66)
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