quinta-feira, 2 de maio de 2013

a casa onde nasci ....


- Gosto de saber que a casa onde nasci e vivi…. ainda existe … não gostava de lá voltar pois prefiro imaginá-la igual aquilo que era….

 

Assim começa a escrever Maria do Carmo. Assim começa o diário onde uma escrita redonda, dócil e aconchegante nos acompanha nesta visita às casas onde vivi – plural, pois a vida cresce em deslocações temporais e espaciais.

Foram várias as casas, terão sido várias as vidas? Nem tudo está escrito. Nem tudo é relembrado. No entanto, estas páginas com vozes de gentes, de cães, de gatos, de flores, de brincadeiras, de festejos, de instantes eternos, transportam-nos para um cenário íntimo e familiar:

- a corredoura do andar de baixo era de cimento vermelho .. e foi lá que aprendi a andar de patins…

Mas também nos levam de mão dada pelas ruas da cidade: o Colégio Apresentação Maria, o Colégio Júlio Dinis, o Caminho do Meio, a Conde Carvalhal, a Rua das Mercês [ é redondo o nosso espaço?!]…

E até nos levam a Cabo Verde, na voz de Mimi, a criada mulata que:

- veio para cuidar das crianças e que depois passou a cozinheira … e que depois de uma breca se foi embora…

Foi. Mas voltou.

- porque quando lhe passou a zanga vinha-nos visitar pois ficou sempre nossa amiga.

Tal como as casas … sempre nossas amigas.


The house where I was born...

 
- I like to know that the house where I was born and have lived… is still there…. I don’t want to go back there, though. I’d rather imagine it is still is what it used to be….
 
This is how Maria do Carmo began her narrative. Her diary starts like this and in a smooth, reassuring and chubby writing we accompany her to the visit to – the houses where I have lived – plural, because life grows in proportion to time and space twisting drills.
She has lived in many houses. Has she lived many lives? Not everything was written down. It is impossible to remember it all. However, these pages are tainted with many voices: people, cats, dogs, flowers, children’s playing, celebrations – eternal moments that carry us into a intimate and familiar setting:
-         The hall of the ground floor was paved in red cement… I  have learned to roller-skate there….
But it also takes us along the streets of the city: The Apresentação Maria College, Julio Dinis College, Caminho do Meio, Conde Carvalhal, Rua das Mêrces [ is space round,after all??!]…
 
And it also takes to far distant places. To Cape Verd for instance, by the voice of Mimi, who:
- had come to take care of the children and then became a cooker … and in the middle of a serious row, got angry and went away…
She did left. But she came back.
-         and when anger disappeared she came to visit us regularly  because she was a friend. Our friend.
Just like the houses… they will always be our close friends.
 



 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário