A meia travessa, um encontro
inesperado no deck do Lobo Marinho ….
- Estiveste de férias?
- Sim! E tu? Foste visitar a
família?!
- Pois … tem de ser!!!
E por entre recordações de
infância e adolescência, na ilha dourada, o cais do Porto Santo: pano
de fundo para tudo o que de importante se passava nas nossas vidas naqueles
tempos em que o sal do mar se misturava com o sal da vida…. tomou conta da conversa. Trindade
Melim recordou, com um sorriso largo nos lábios e os olhos raiados de saudade,
os tempos de menino ...
- Sabes, quando chegava o barco (Maria
Cristina, Devoto, Arriaga) nós ficávamos à espera … Os homens descarregavam as
mercadorias e nós, os pequenos, se avistávamos um carro (uma corsa) livre,
pegávamos nele e ajudávamos a colocar as bagagens … Por cada carreto entre a
ponta do cais e a atual Praça do Barqueiro ganhava-se 2$50 …
- E davam mergulhos? – Perguntei, partilhando o
entusiasmo e recordando também a azáfama do velhinho cais das colunas …
- Sim. Mas não muitos!!! Os
estrangeiros eram poucos. Muito poucos!! Mas quando lá aparecia algum, um de
nós atirava uma moeda (a servir de engodo) e um grupo começava a mergulhar…
dava pouco … isso e os carretos talvez chegasse a 20 escudos … em dias bons,
claro!!!
E fomos ficando, assim os dois, nesta
conversa marinha, embalados pelo tempo que o balanço do barco sugeria….
- Um dia destes, hás de contar-me
mais coisas.
Trindade prendeu os olhos no mar.
Disse que sim.
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