De vez em quando, Manuel Costa traz um bocadinho mais da sua vida. Este ano é, para ele, um ano especial. Há 50 anos, menino ainda, sai para a África do Sul, à procura da vida. Vai fugido a uma guerra colonial que conhecia através do olhar: rapazes que iam e vinham diferentes: mais velhos, mais parados, feridos; mães que recebiam cartas a dizer...
Manuel não queria que a mãe chorasse dessas lágrimas. Por isso foi. Antes de ser homem. Fazendo-se homem antes da altura de se entender o que é isso de crescer.
Não sabe por que razão a mãe guardou este envelope. Vazio. Trouxe-o no meio de outras coisas desse primeiro ano de ausência. O que viria escrito lá dentro? Que recados? Que saudades? Que coragens? Que medos?
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