segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tita (o Pescador)

Chegou às nossas mãos mais uma narrativa das muitas que compõem a vida de uma pessoa. Augusto está na Austrália e é de lá que nos manda Memórias....

 
Meu Avô  
Falar de meu avô é começar a escrever a minha infância, desde os meus 2 anos de idade. Naquela época, era muito importante as moças casarem virgens e era contra tudo casar grávida. Isto aconteceu com a minha mãe e meu avô pô-la no meio da rua. Apesar dos protestos da minha avó, a minha mãe foi morar com a mãe e as irmãs de meu pai - as LOURAS, como todos lhes chamavam.

O TITA nunca mais quis ver a filha e o neto. Até um dia ... Já eu gatinhava, quando a minha avó me levou a casa dela. Começou fazendo um berreiro com Virginia, a minha avó, mas se acalmou quando viu o menino subir pelas pernas dele. Começou aí a minha infância com meu avô. Dizia minha mãe que ele tinha uma loucura por mim, e começou a aceitar a filha. Andava nas ruas a mostrar o seu neto.

Levava-me de canoa, a passear e ao cinema (...) ver filmes mudos, do Charles Chaplin, que eu gostava muito. Era proibido levar crianças à noite ,mas meu avô escondia-me dentro um longo capote de inverno e o porteiro não dava por isso. Até um dia, até  que quando começou o cinema sonoro ... e as coisas se tornaram pretas. Eu já sabia ler, graças a minha tia Luisa que, com os seus romances, me tornou um viciado na leitura e gastava muito petróleo à minha avó, pois naquele tempo não havia luz elétrica. Então, durante o filme, começava a ler as legendas, em murmúrio mas alguém ouvia e gritava :
- tem criança aqui dentro.
E paravam o filme , pobre porteiro procurando o fedelho, e era uma confusão total, mas o TITA conseguia acalmar a malta e o filme prosseguia.

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